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Perfil de resistência antimicrobiana de cepas de Staphylococcus aureus and Streptococcus uberis isoladas de amostras de leite de mastite clínica e subclínica no Brasil

  • Foto do escritor: Carla Campos, Paulo Dutra, Roberta França e Taís Salvadego
    Carla Campos, Paulo Dutra, Roberta França e Taís Salvadego
  • 8 de abr.
  • 3 min de leitura

Introdução

 

A mastite é definida como a inflamação da glândula mamária causada por microrganismos patogênicos, com predominância de bactérias e assim, o tratamento baseia-se na terapia antimicrobiana. O uso indiscriminado dos antimicrobianos é uma preocupação para veterinários, produtores de leite, indústria e consumidores de derivados lácteos. Esse uso contribui para o desenvolvimento de cepas bacterianas multirresistentes, os quais estão sendo identificados em intervalos mais curtos e causando doenças cada vez mais severas tanto em animais quanto em humanos. Além disso, o desenvolvimento de novas bases antimicrobianas não segue a mesma velocidade da resistência bacteriana, comprometendo o tratamento da mastite devido à baixa eficácia dessas drogas e como consequência, as vacas crônicas são fortes candidatas a serem descartadas do rebanho, o que impacta diretamente na lucratividade das fazendas leiteiras.

O objetivo desse estudo retrospectivo foi avaliar o perfil de resistência antimicrobiana de cepas de Staphylococcus aureus e Streptococcus uberis isoladas de amostras de leite coletadas de vacas com mastite clínica e subclínica no Brasil.

 

Material e métodos

 

Amostras de leite provenientes de rebanhos leiteiros localizados em oito estados brasileiros (BA, GO, MG, MS, PR, RS, SC, SP) foram recebidas por um laboratório comercial em Uberlândia, MG. As amostras foram submetidas à cultura microbiológica seguindo os procedimentos descritos pelo National Mastitis Council (NMC, 2017). As análises foram conduzidas de agosto de 2022 a agosto de 2024, totalizando 376 isolados de Staphylococcus aureus e 572 isolados de Streptococcus uberis, os quais foram submetidos ao teste de susceptibilidade aos antimicrobianos neste período.


O teste de catalase e a coloração de Gram foram realizados como testes de triagem para ambos os agentes. Para Staphylococcus aureus, como testes bioquímicos, realizou-se a semeadura da colônia em ágar manitol e nos caldos maltose e manitol para incubação em estufa a 37°C por 24 horas, além do teste de coagulase utilizando plasma de coelho. Para Streptococcus uberis, como testes bioquímicos, realizou-se a semeadura da colônia em ágar bile esculina e em caldo BHI com 6,5% de NaCl para incubação em estufa a 37°C por 24 horas. Também foram realizados os testes de Camp e de Polimerase Chain Reaction (PCR) como testes confirmatórios finais.


Para o teste de susceptibilidade aos antimicrobianos, os isolados foram semeados em placas de ágar Mueller-Hinton e incubadas sob condições aeróbicas por 24 horas a 37°C. Todos os isolados de S.aureus e S. uberis foram categorizados em sensível, intermediário ou resistente pela mensuração da zona de inibição de crescimento de acordo com os padrões estabelecidos pelo Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI 2022). As cepas foram testadas quanto à sensibilidade para as seguintes bases antimicrobianas: amoxicilina (10 mcg), cefalexina (30 mcg), ceftiofur (30 mcg), ciprofloxacina (5 mcg), enrofloxacina (5 mcg), florfenicol (30 mcg), gentamicina (10 mcg), neomicina (30 mcg), penicilina (10 UI), sulfa + trimetoprim (25 mcg) e tetraciclina (30 mcg) usando o método de disco difusão. Os dados foram submetidos à análise descritiva.

 

Resultados e discussão

 

Dos 376 isolados de Staphylococcus aureus, 20,2% (n = 76) foram resistentes a pelo menos duas bases antimicrobianas e a multirresistência (≥ 3 bases antimicrobianas) foi observada em 50,5% (n = 190) das cepas. Dos 572 isolados de Streptococcus uberis, 32,3% (n = 185) foram resistentes a pelo menos duas bases antimicrobianas e a multirresistência foi observada em 57,3% (n = 328) das cepas testadas. Martins et al. (2021) reportaram que 94% (78/83) dos isolados de S. uberis apresentaram multirresistência no Brasil. O perfil antimicrobiano das cepas de Staphylococcus aureus e Streptococcus uberis está descrito nas Figuras 1 e 2.


Figura 1. Sensibilidade antimicrobiana dos isolados de Staphylococcus aureus oriundos de amostras de leite de vacas em lactação aos 11 antimicrobianos testados.
Figura 1. Sensibilidade antimicrobiana dos isolados de Staphylococcus aureus oriundos de amostras de leite de vacas em lactação aos 11 antimicrobianos testados.
Figura 2. Sensibilidade antimicrobiana dos isolados de Streptococcus uberis oriundos de amostras de leite de vacas em lactação aos 11 antimicrobianos testados.
Figura 2. Sensibilidade antimicrobiana dos isolados de Streptococcus uberis oriundos de amostras de leite de vacas em lactação aos 11 antimicrobianos testados.

O conhecimento do perfil antimicrobiano dos principais agentes causadores de mastite é uma ferramenta importante para minimizar o risco do desenvolvimento de resistência antimicrobiana pelas bactérias, além de auxiliar os veterinários na escolha das opções de tratamento mais efetivas para a mastite, reduzindo o risco de infecções persistentes e de descarte e contribuindo para a melhoria da qualidade do leite.

 

Conclusão

 

A alta frequência de cepas resistentes de S. aureus foi encontrada para o grupo das penicilinas e para as cepas de S. uberis para o grupo dos aminoglicosídeos. Também se observou que mais de 50% de todas as cepas analisadas demonstraram perfil de multirresistência antimicrobiana, o que compromete a eficácia dos tratamentos de mastite.

 

 

Referências Bibliográficas


  • Martins, L., Gonçalves, J. L., Leite, R.F., Tomazi, T., Rall, V. L. M., and Santos, M.V. 2021. Association between antimicrobial use and antimicrobial resistance of Streptococcus uberis causing clinical mastitis. Journal of Dairy Science, 104:12030-12041. https://doi.org/10.3168/jds.2021-20177

 

 

 

 

 

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