A colostragem é uma das práticas mais importantes para o manejo de leitões recém-nascidos, já que, é uma fonte vital de nutrientes e imunidade passiva. O sucesso do seu consumo é essencial para garantir a sobrevivência, crescimento saudável e proteção imunológica dos leitões.
Importância do Colostro
O colostro é a principal fonte de imunoglobulinas (Ig), especialmente a IgG, que desempenha um papel fundamental na transferência de imunidade passiva dos suínos ao recém-nascido. Os leitões nascem praticamente sem imunidade ativa, uma vez que a placenta suína impede a passagem de anticorpos maternos durante a gestação. Assim, os anticorpos presentes no colostro são fundamentais para a proteção contra patógenos no período inicial da vida dos leitões.
A ingestão de colostro nas primeiras horas de vida é crucial porque, após as primeiras 24 horas, a capacidade do intestino dos leitões de absorver essas moléculas de forma intacta diminui rapidamente. Assim, a janela de absorção eficiente de anticorpos é limitada.
Diferente de outras espécies, os leitões nascem com baixas reservas energéticas, praticamente sem estoques de glicogênio hepático e muscular significativos. Isso os torna altamente dependentes da ingestão precoce de colostro para evitar a hipoglicemia e garantir a manutenção da temperatura corporal. O colostro contém elevados teores de gordura e açúcares que fornecem energia de rápida absorção. A lactose presente no colostro é uma importante fonte energética imediata, enquanto os lipídios garantem um aporte calórico sustentado, essencial para evitar a hipotermia e a inanição nos primeiros dias de vida.
Produção de Colostro de Qualidade
A produção de colostro de qualidade depende de diversos fatores, incluindo ingestão de água, saúde da fêmea, nutrição durante a gestação e bem-estar animal. O manejo adequado da fêmea durante a gestação tem um impacto direto na quantidade e qualidade do colostro. A nutrição balanceada, com atenção especial à suplementação de vitaminas e minerais como o zinco e o selênio, é fundamental para garantir que a porca tenha uma produção adequada de colostro.
Estudos realizados acerca do metabolismo mamário e colostrogênese demonstram que entre 14 e 10 dias pré-parto, há o início da translocação do IgG plasmático da matriz para a glândula mamária (FEYERA et al., 2021). Por este motivo, por volta dos 100 dias de gestação é importante que as matrizes já estejam com os níveis altos de anticorpos específicos para os agentes de interesse a serem controlados através da imunidade passiva, como é o caso de E. coli, Rotavirus e, Clostridium perfringens. Para isso, é necessário que as leitoas recebam a 2ª dose da vacinação pré-parto e as matrizes a dose reforço entre 80 e 85 dias de gestação, havendo o pico de soroconversão e produção de imunoglobulinas ao redor dos 100 dias de gestação.
Manejo para Garantir o Consumo Adequado de Colostro
Um dos maiores desafios no manejo de maternidade é garantir que todos os leitões consumam colostro nas primeiras horas de vida. Existem diferentes estratégias de manejo que podem ser implementadas para maximizar o sucesso da colostragem:
Assistência ao parto: leitões nascidos por último podem ter menor chance de acessar os tetos, já que os mais fortes tendem a competir com vantagem. A intervenção para garantir que todos os leitões tenham acesso ao colostro é fundamental.
Controle de Temperatura e Ambiência: A temperatura da sala de maternidade deve ser cuidadosamente controlada para garantir conforto térmico aos leitões e à porca. Leitões que sofrem de hipotermia ficam menos ativos, têm menor capacidade de encontrar os tetos e consomem menos colostro, prejudicando sua imunidade.
Rodízio de Leitões: Em leitegadas grandes, onde o número de leitões supera o número de tetos funcionais, o rodízio dos leitões nos tetos nas primeiras horas pode ser uma solução eficaz.
Supervisão de Tetos Funcionais: Durante o período de colostragem, é importante monitorar os tetos da porca para garantir que estão produzindo leite. Tetos não funcionais ou inflamadas (mastite) podem reduzir o consumo de colostro pelos leitões. A identificação precoce de problemas de lactação e a intervenção com tratamentos adequados ajudam a evitar complicações.
Monitoramento do Peso e Atividade: Leitões que apresentam baixa atividade ou ganho de peso reduzido nas primeiras horas de vida são indicativos de baixo consumo de colostro. O monitoramento constante da leitegada permite que os técnicos e colaboradores intervenham rapidamente, redistribuindo leitões para tetos funcionais ou oferecendo suplementação.
A colostragem é um processo fundamental para garantir a saúde e o bem-estar dos leitões durante o período neonatal. A qualidade e a quantidade de colostro ingerido impactam diretamente a imunidade passiva, o crescimento e a sobrevivência dos leitões. Portanto, a implementação de estratégias de manejo adequadas, que envolvem o controle da saúde e nutrição das porcas, a supervisão do parto e o manejo dos leitões, é essencial para o sucesso do desempenho futuro dos animais.
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